top of page
Buscar
  • Comissão organizadora

RESUMOS APROVADOS

Car@s, abaixo estão os resumos aprovados para o evento separados por data e mesa. *22/05/2019


MESA 1 - BEAUVOIR E O PÓS-ESTRUTURALISMO


a) Butler em Beauvoir

Bianca Corrêa


“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher” (Beauvoir, 1967). Essa frase de Simone de Beauvoir consolidou um clássico nos estudos feministas para o que viria a ser, posteriormente, uma das bases para a conceituação de “gênero”. Judith Butler interpreta a filosofia da autora, analisando as possíveis desconstruções de estruturas como "gênero" a partir da própria obra.

A comunicação terá por objetivo trazer a tona tais interpretações de “O Segundo Sexo” de Simone de Beauvoir, a partir das ideias expostas no texto "Sex and Gender in Simone de Beauvoir’s Second Sex" (Butler, 1987), que sugerem na obra francesa as potencialidades do que viria a se consolidar, posteriormente, como uma teoria da performatividade de gênero.


b) Simone Beauvoir e Judith Butler: a controvérsia feminista em torno da construção social do sexo

Amanda Soares de Melo


Em O segundo Sexo, Beauvoir afirma que “não se nasce mulher, torna-se”. Judith Butler em Problemas de Gênero, argumenta que afirmação de Beauvoir sugere que o gênero é um aspecto da identidade culturalmente adquirido pelo corpo, enquanto o sexo é um aspecto da identidade do corpo que é dado, fixo, natural e independente do gênero. Butler e Beauvoir estão empenhadas em dizer que os fatos biológicos - embora constituam um elemento essencial da situação das mulheres e uma chave para a compreensão de uma mulher - não podem estabelecer para elas um destino fixo e inevitável. A partir da máxima de Beauvoir, Butler coloca em suspeição o binarismo de gênero e, indo mais além, abdica da noção do sexo como um dado imutável.


c) “A lésbica” em O segundo sexo de Simone de Beauvoir: constelação de figuras em contestação

Fernanda Elias Zaccarelli Salgueiro


A proposta desta exposição é apresentar a construção de imagens de lésbicas realizada por Simone de Beauvoir no capítulo 4 do volume 2 d’O segundo sexo, justamente intitulado “A lésbica”. Beauvoir utiliza três estratégias principais para romper com os estereótipos e justificativas da anormalidade da lesbianidade: em determinados casos, aponta como a mesma “figura” de lésbica ou suposta "causa" se dá, também, entre mulheres heterossexuais, de modo a não significar uma especificidade lésbica; em segundo lugar, rejeita certos dados das ciências ou afasta as consequências que deles se pretendem extrair; e terceiro, argui a insuficiência explicativa dessas representações ou teses, em face da irredutibilidade a elas da existência de mulheres lésbicas. Há, por fim, uma quarta mensagem implícita à organização argumentativa do texto: a de que é tal a pluralidade de características das mulheres lésbicas que não é possível uma definição senão em situação que há de ser composta com a liberdade.


MESA 2 - BEAUVOIR E A LITERATURA


a) Beauvoir e Woolf: o que é uma mulher?

Renata Cristina Pereira


“O que é uma mulher?” é a questão primordial de O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, publicado em 1949, antes da ascensão da segunda onda feminista na década de 60, quando o pensamento da filósofa foi resgatado como principal base teórica para o movimento. Quase duas décadas antes, a mesma pergunta foi feita por Virginia Woolf quando foi convidada para proferir a palestra Profissões para mulheres. Como Beauvoir, Woolf, cuja obra fora atestada pela filósofa como o conjunto de escritos que mais se aproximou do projeto filosófico anunciado em O segundo sexo, explicita, dentre tantos aspectos acerca da existência das mulheres, o interesse que estas despertaram em artistas e escritores homens que reforçaram o imaginário da superioridade masculina. Nenhuma das autoras tencionou responder objetivamente à questão, porque respondê-la implicaria reconhecer que há na categoria mulher uma essência à qual estariam subordinadas suas ações e seus julgamentos.


b) Simone de Beauvoir e a dimensão metafísica da literatura

Melissa Tami Otsuka


O romance não é compreendido enquanto uma expressão literária formal fechada em si, segundo Simone de Beauvoir, mas envolve uma descoberta viva entre leitor e obra: contra um pretenso universalismo abstrato, Beauvoir insiste na relevância filosófica da experiência vivida. É sobretudo no Livro II de “O Segundo Sexo” (1949), que a filósofa evoca múltiplas vozes literárias, as quais apresentam diferentes situações e experiências de mulheres. Seus estudos sobre a expressão literária, como uma forma de acesso à experiência do Outro, fornecem elementos teóricos e reflexões acerca da necessidade de inclusão de vozes feministas e grupos de minorias oprimidas e excluídas, no âmbito literário. Dessa forma, a presente comunicação busca analisar a relação da expressão literária com a filosofia, a partir daquilo que Simone de Beauvoir intitulara por “romance metafísico”: a forma de expressão da reconstituição existencial e sua problematização através de contos e romances.


c) Para o exercício, o ensino e a pesquisa da Literatura sob uma perspectiva feminista ou reflexões e ações a partir da leitura de O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir

Ceila Maria Ferreira


A leitura dos dois volumes de O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, nos dá subsídios para questionarmos a diminuta presença, em termos relativos, das mulheres nas histórias da literatura, no caso tratado aqui, da literatura brasileira. Além disso, como mulher, professora, pesquisadora e escritora, a leitura de O Segundo Sexo, nos coloca a questão de nos engajarmos também no resgate de nomes e de obras que foram esquecidas ao longo do tempo, promovendo uma leitura da história a contrapelo, como escreveu Walter Benjamin, mas de uma história que inclua nós, mulheres, também como protagonistas da produção da literatura e dos estudos de literatura, assim como de nossa participação em coletivos de mulheres escritoras, como o Mulherio das Letras, e da inclusão de obras como O Segundo Sexo na bibliografia de cursos da área de Letras e de discussões sobre a referida obra em rodas de leituras ligadas às Letras, num diálogo entre a Literatura e a Filosofia.


d) A constituição do sujeito moral d’A Moral da Ambiguidade

Carolina de Freitas Zanotello


“A vida em si não é nem bem nem mal, ela é o lugar do bem e do mal segundo vós a fizerdes...” estabelece Beauvoir, citando Montaigne, na epígrafe d’A Moral da Ambiguidade. Com essa citação, a autora antecipa o que será empreendido nas páginas seguintes: um projeto ético e político. Este trabalho busca compreender como as noções de liberdade, ambiguidade, autenticidade e subjetividade se conectam na constituição de um sujeito moral. É notável, na obra em questão, que sua concepção se distingue fundamentalmente das morais tradicionais que tratavam de um sujeito demasiado abstrato. O sujeito beauvoariano é, ao contrário, um sujeito concreto e situado e o mundo moral, que não existe como algo anterior ao humano, deve ser constituído pelo conjunto dos sujeitos singulares a partir de suas liberdades. Cumpre, portanto, discutirmos quem é e como se constitui o sujeito moral d’A Moral da Ambiguidade, ponto filosófico fundamental para a produção ética e existencialista de Beauvoir.



* 23/05/2019


MESA 3 - BEAUVOIR E O MATERIALISMO HISTÓRICO


a) Proletárias Invisíveis

Maria Luiza Caires Lente

A sociedade que era matriarcal como destacado no Livro Segundo Sexo na idade da pedra passa ser patriarcal o homem determina suas propriedades privadas :terra, senhor dos escravo e a mulher, a opressão social além da econômica se torna evidente as mulheres agora vivem a deleite desses. Contribuíram para a diferenciação entre a mulher proletária e o homem proletário trecho de Maria Lacerda De Moura ‘’ a mulher operaria é ainda mais sacrificada. Escrava do homem escrava social e serva da burguesia’’. Destacando a luta das mulheres rurais que atualmente sua maioria são mulheres negras, a mercê do marido ,pai ou tio . No brasil são 14 milhões de mulheres rurais representam cerca de 42 % da produção de alimentos no brasil a falta de recorte étnico e econômico nesse ciclo coloca essas mulheres em uma situação extrema de risco e exclusão social.


b) O triunfo do Patriarcado e os caminhos para a libertação feminina

Natalia Kleinsorgen


Beauvoir afirma que a feminilidade não poderia existir sem masculinidade; afinal, o sujeito, Masculino, só poderia se afirmar soberano posicionando o Outro, Feminino, enquanto objeto. A prova disso é que nunca houve um cenário em que Mulheres se posicionassem enquanto classe, frente às opressões masculinas; e que a sociedade e o poder político sempre estiveram nas mãos dos homens. Neste contexto, Margarita Pisano fala sobre o “triunfo da masculinidade’. Assim como Beauvoir acredita que conquistas femininas são concessões masculinas, Pisano defende que a história das mulheres é uma sucessiva reiteração de derrotas. Se para Beauvoir, a luta feminista deve embasar-se na luta pela liberdade coletiva; para Pisano, é necessária rebeldia na construção de um novo marco civilizatório: somente com o abandono da feminilidade será possível a criação de espaços autenticamente feministas, abertos ao pensamento crítico e à criação, atividades que estiveram historicamente nas mãos dos homens.


c) Análise Beauvoiriana da "cultura do estupro"

Bruna Santiago Franchini


Beauvoir, ao buscar a origem da opressão feminina por meio de uma análise materialista, lança as bases para o que viriam a ser o feminismo materialista e o feminismo radical. Coerentemente com suas bases existencialistas e também marxistas, Beauvoir demonstrou que a origem da opressão feminina está intrinsecamente relacionada à exploração patriarcal das capacidades reprodutivas e sexuais das mulheres pelos homens, com o objetivo de alienar-lhes de subjetividade e de humanidade, reduzindo-as ao “Outro” – o segundo sexo – por diversos meios, dentre eles, as diferentes formas de manifestação da violência sexual. Nesta comunicação, pretende-se demonstrar como a teoria desenvolvida por Beauvoir explica o fenômeno chamado “cultura do estupro”, partindo da estratégia fundamental de redução da mulher a um corpo sexuado e manifesta, destacadamente, na banalidade da violência sexual, na pedofilia, e nas representações midiáticas misóginas de mulheres.


MESA 4 - BEAUVOIR E A FENOMENOLOGIA


a) O Segundo Sexo à luz da fenomenologia

Cristiane Fernanda de Moura


Na presente comunicação perscrutaremos a relação entre o corpo feminino e o conceito de liberdade em Beauvoir, sob um ponto de vista fenomenológico – sobretudo baseado na filosofia de Merleau-Ponty –, não mais existencialista. Beauvoir afirma, que “o corpo não é uma coisa, é uma situação”, e “sendo o corpo o instrumento de nosso domínio do mundo, este se apresenta de modo inteiramente diferente segundo seja apreendido de uma maneira ou de outra”; assim, o que podemos inferir é que a estrutura pela qual o corpo se situa no mundo, se relaciona com o mundo e com outras pessoas, deriva possivelmente de diferentes apreensões desse corpo. Assim, procuraremos analisar algumas das possíveis relações entre corpo feminino e mundo, de modo a estabelecer de que forma a opressão sofrida pela mulher – enquanto um corpo situado – permeia até mesmo seu relacionar-se no mundo.


b) Ética e alteridade na filosofia de Simone de Beauvoir

Eloisa Benvenutti de Andrade


Abordaremos a relação entre mulher e filosofia por meio das ideias de imaginário filosófico - conceito desenvolvido por Michèle Le Doeuff – e principalmente da mulher como segundo sexo – conceito trabalhado por Simone de Beauvoir, para problematizar o lugar e o papel do feminino no mundo, ou seja, “em situação”, e no mundo do conhecimento, especificamente na história da filosofia. Veremos como a imagem da mulher se constitui por um discurso masculino que se pretende absoluto e universal, e como, dessa maneira, tal discurso permanece no plano de uma ontologia abstrata, sacrificando, desse modo, a realidade concreta.


c) A ausência de solidariedade das mulheres brancas para com as pretas ou a essência unicamente inessencial da mulher: uma análise possível das especificidades dos variados grupos de mulheres em Beauvoir

Thaís Rodrigues de Souza


Considerada atualmente um clássico da teoria feminista, a obra “O Segundo Sexo”, é

um marco por, a partir de uma perspectiva existencial, traçar uma contextualização do

lugar da mulher em áreas do conhecimento como a História, a Filosofia, a Psicanálise

e a Teoria Marxista, além de indicar imanência e transcendência como elementos

fundamentais ou movimentos existenciais para a compreensão da subalternização da

mulher nas sociedades ocidentais. Elaborada em um período de significativas

mudanças comportamentais que levaram à alteração do papel atribuído às mulheres, a

obra aponta-nos muito rapidamente em suas primeiras páginas um problema há muito

indicado por feministas estadunidenses e de outras regiões do mundo: a ausência de

solidariedade entre mulheres brancas e negras quanto às suas demandas. Para

Beauvoir, “burguesas, são solidárias dos burgueses e não das mulheres proletárias;

brancas, dos homens brancos e não das mulheres pretas” (BEAVOIR, 1970, p. 13).

Embora não elaborado de modo profundo na obra em questão, o problema das

especificidades dos diferentes grupos de mulheres é vislumbrado por Beauvoir no

referido fragmento e podemos sugerir, objeto de reflexões da autora, haja vista seu

engajamento com as lutas pela independência da Argélia através, dentre outras, de sua

adesão ao “Manifesto dos 121” ou “Declaração sobre o direito de insubordinação na

Guerra da Argélia”. Partindo do referido fragmento, da convivência de Beauvoir com

as discussões sobre a Guerra na Argélia, de seu engajamento com a Revolução

Cubana, de seu fundamental papel na constituição da teoria existencialista e por fim,

dos poucos documentos que relatam a passagem da autora por nosso país, narrada em

sua autobiografia “A Força das Coisas” e noticiada em coluna no Jornal do Brasil,

pretendemos na presente proposta elaborar análise sobre o alcance da compreensão de

Beauvoir das especificidades das mulheres, questionando-nos sobre o rótulo

comumente lhe atribuído de essencialista.



100 visualizações0 comentário
bottom of page